Cancelaram o defensor de Nazi. E quanto aos patrocinadores?
O Brasil parou pra debater a atitude criminosa do youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, depois dele defender no podcast Flow a legalização de um partido nazista no país. Tudo isso na frente de dois deputados federais, Tabata Amaral que rebateu Monark, e o golpista Kim Kataguiri, que considerou errado a Alemanha ter criminalizado o Nazismo (SIC).
No Brasil, principalmente na internet, muitos produtores de “conteúdo” agem de má fé, mentem, criam polêmicas, com objetivo de surfar na audiência online e fisgar patrocinadores. Por outro lado, algumas empresas não se preocupam com qualidade do conteúdo e sim com alcance dos canais que veiculam suas publicidades. No caso do Flow, trata-se de um dos podcasts mais populares do país. Começou em 2018 e tem só no YouTube quase 3,7 milhões de inscritos. Um canal numa plataforma digital com este público pode fazer um verdadeiro estrago na sociedade, a exemplo de disseminar ideologia nazi, armamentista e/ou racista como o tal Monark gosta de fazer.
Desta vez o youtuber Monark foi além da linha de tolerância no seu vasto repertório de imbecilidades intoleráveis, afinal, quanto maior o absurdo, geralmente, gera mais cliques, aumenta de audiência e traz maior monetização ao canal. Contudo, a sua fala pró-nazi e antissemita causou a ira da sociedade brasileira, a comunidade judaica. Logo em seguida, Monark sofreu o famoso “cancelamento” do mundo digital, o que na prática representa a perda de patrocinadores e em seguida o desligamento do Flow.
A decisão de cancelar quem defende genocida é acertada, não tem liberdade de expressão que contemple discurso de ódio. -Aliás, se este episódio tivesse acontecido com Bolsonaro e sua laia quando ele cometeu diversos crimes com sua verborragia reacionária e violenta, hoje o Brasil não viveria este pesadelo-. No entanto, não basta cancelarmos os Monarks da vida, que se multiplicam na velocidade da luz. É preciso cobrar atitude e posicionamentos de quem sustenta essa engrenagem que movimenta este mercado multimilionário: os patrocinadores!
Monark e seus genéricos apoiam abertamente o negacionismo, racismo, armamentismo, dentre outras atrocidades. Sob essa leitura fica a pergunta, as grandes marcas que o patrocinam este tipo de conteúdo precisariam esperar ele fazer uma fala nazista pra poder cancelar os patrocínios?! O fato é que sem ter quem sustente conteúdo tóxico, o discurso de ódio tende a desaparecer do meio digital.
Cabe a sociedade e poderes estabelecidos cobrar que as empresas tenham compromisso ético, democrático e pautados nos direitos humanos. Desta maneira, nenhuma marca, empresa, figura pública ousariam patrocinar tanto lixo digital que impacta diretamente na sociedade, sob pena de ser cancelado por milhões de consumidores e até mesmo pela lei.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
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