Celebramos o Cinquentenário do “vestibular” do Colégio Agrícola de Belo Jardim
Como eu gostaria de poder traduzir mais de 50 anos de amizade em palavras. Mas não irei me furtar de contar um pouco da nossa turma que completa mais de meio século de irmandade.
A estrada que liga a cidade de Belo Jardim ao distrito de Serra dos Ventos é o acesso para o Colégio Agrícola. Cruzamos ela ao longo dos três anos, sei lá quantas vezes, na maioria das vezes a pé mesmo.
As provas eram um acontecimento à parte na pacata e acolhedora Belo Jardim. Quando chegamos ao colégio para realizar as provas que nos habilitariam a ser alunos, no dia 13 de janeiro de 1974, um domingo, éramos muitos jovens cheios de vontade de passar no “vestibular”. No meu caso, por ser estudante do Ginásio Agrícola, a vaga já estava garantida.
Entre a guarita do colégio e as primeiras casas da cidade era um descampado, com cercas dos dois lados. À noite, nos fins de semana, retornávamos de turma. Era um breu de tão escura a maioria das noites; mesmo assim, alguns, valendo-se da escuridão, aventuravam-se com uma companheira conhecida de todos os alunos daquela época.
Minha turma teve alunos que já conheciam a vida de internado. Tinham feito o Ginásio Agrícola em Escada e Palmares. Estes, ao menos, já conheciam alguns colegas. No meu caso, oito que comigo concluíram o curso ginasial em Escada.
Com poucas exceções, todos com menos de 15 anos, saídos de debaixo das saias das mães para entrar em um mundo completamente novo. A maioria de Pernambuco, muitos sertanejos, mas também dos estados vizinhos, Paraíba e Alagoas no topo.
Nosso foco era estudar, poucos espaços de entretenimento, muito estudo em sala de aula e uma manhã inteira de Práticas Agrícolas. Naquela época, trabalho de campo mesmo. Imagina o choque para muitos; nem me lembro, mas havia desistência. O jogo era duro.
Foi nesse período de realismo mágico que tivemos uma substancial ajuda para a formação de nosso caráter e personalidade. Afinal, o colégio não nos formou apenas Técnicos Agrícolas, mas também cidadãos e cidadãs, pois também existiam alunas. Eram muito poucas as mulheres; na minha turma, apenas três.
Nos anos 1970, o colégio tinha poucas edificações. O destaque era o pavilhão de salas de aula, onde também funcionava a administração do colégio, com a amável dona Dulce sempre a mãezona de todos nós, uma mulher maravilhosa. O refeitório ficava logo atrás do prédio principal, o dormitório ao lado do refeitório e das salas de aula.
Uma casa que ficava próxima à residência do diretor, funcionava a lavanderia. Já a casa do diretor era frequentada por muito poucos alunos, com destaque para Glaucio, com acesso livre. Ficávamos “P da vida”, com inveja talvez. O privilégio lhe valeu um apelido curioso: “filho do homi”, acho que era esse. Quanta resenha.
Compondo o cenário da época, tínhamos uma garagem onde ficavam os implementos agrícolas, algumas casas de funcionários e acho que só. Todo este “isolamento” intensificou os laços de amizade e companheirismo da nossa turma.
Pois bem, meus caros amigos e amigas, neste sábado, dia 13 de janeiro de 2024, há exatos cinquenta anos, foi a data em que fomos fazer o “vestibular”. Estava uma parte de nossa turma para celebrar aquele momento; conosco estavam parte da turma de 1978, eles entraram no colégio quando estávamos saindo. Cinco décadas se passaram, e consigo reviver este momento com tanta intensidade que até parece que foi ontem.
O nosso reencontro para marcar esta data emblemática foi rico e emocionante. Teve choro, risos, muitas lembranças engraçadas, recordações dos apelidos de cada um, sim, quase todo mundo tinha o seu, o meu era TT, todos relatando a caminhada profissional vitoriosa, o agradecimento ao colégio, a Belo Jardim que nos recebeu tão bem. Parecíamos filhos da terra.
A presença das esposas, filhos e netos trouxe um brilho muito especial para todos. Apresentá-los aos demais é também uma demonstração do nosso amadurecimento, a constituição de uma família. É a celebração de um ciclo de mais de 50 anos, e temos a mesma felicidade de sempre. No mundo de hoje, essa irmandade é quase raridade.
Nossa turma nasceu mesmo para brilhar e o fez no melhor estilo. Somos vitoriosos.
O colégio cresceu em número de alunos, cursos; já não é mais o colégio agrícola, agora um Instituto Federal.
Com tantas edificações que impressionam quem viveu naquele número reduzido de prédios. Só não entendi por que tantos prédios próximos uns dos outros; poderiam ter sido construídos mais espaçados, permitindo uma visualização mais abrangente do avanço que o colégio teve nos últimos anos.
A partir do mês de abril, o agora Instituto Federal contará com um novo diretor, o professor Carlos Alberto. Com um detalhe importante, ele é ex-aluno do colégio. Isso mesmo, imagina como estamos felizes. Um colega da turma de formandos de 1978 estará dirigindo a instituição que lhe deu regra e compasso. Todos ficamos felizes; é como se também estivéssemos sendo alçados ao posto de dirigente do instituto. No fundo, é isso mesmo; somos um pouco do outro na vida de cada um!
Estou feliz demais, meus amigos de uma vida! Revivemos um grande amor de nossas vidas. Foi bonito de se ver. Viva o cinquentenário do nosso vestibular e a amizade da nossa turma do Colégio Agricola de Belo Jardim!
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia,
Vice-Líder do PT na Câmara
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