O dia da morte do eterno Chico Mendes!
No dia 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado na porta do quarto de seu filho Sandino. Por alguns dias, pensei que aquela dor era irremediável. Mas Chico nos ensinou ir do luto à luta!
Eu estava em Ji-Paraná, na casa de Pedrinho, meu sogro e companheiro sindicalista para passar o Natal.
Quando recebi a notícia da morte do companheiro Chico, voltei para Porto Velho e seguimos de carro, para Rio Branco, depois Xapuri. Se hoje em dia na região amazônica a morte de sindicalista, ambientalistas e lideranças indígenas ainda é uma triste realidade, nos anos 80 a situação era ainda mais grave.
Mesmo diante de todas ameaças, o lendário Chico Mendes não parou de lutar por aquilo que acreditava. No fatídico dia de 22 de dezembro daquele ano, Chico Mendes foi morto de forma vil. Semelhante a uma floresta a sua luta floresceu em muitos milhões de brasileiros.
Nesta quarta-feira, o companheiro João Cordeiro, filho de Odair, enviou-me essa crônica escrita pelo pai dele que completaria 81 anos, 9 de julho:
Dezembro de 88.
De Porto Velho saem 4 membros da Executiva Estadual do PT (Josias, Odair, Bernardo e Cesário ) para o enterro do Chico Mendes, em Xapuri, no Acre.
Na entrada da cidade, o carro é coberto de bandeiras do PT, adesivos e panos pretos em sinal de luto.
A população de Xapuri era de 5.000 habitantes, naquele dia, 15.000 pessoas circulavam pelas ruas. Como não conseguiram banheiro, Josias e Cesário saíram de carro para fazer suas necessidades fora da cidade. Pegaram a estrada, pararam em frente a uma fazenda e se aliviaram.
Em pouco tempo os dois estavam de volta, pálidos e trêmulos. Josias contou que, quando acabaram de fazer o serviço, vinha
vindo um pessoal para o enterro e disseram para os dois:
“Vocês são muito machos! ”
E Josias: ” Macho porque, homem?”
“É que precisa ser muito macho para, com este carro enfeitado de bandeiras do PT e panos de luto, vocês terem a coragem de cagar na porta da fazenda do Darli Alves da Silva”.
Josias: “Fiquei tão apavorado, que só não caguei de novo, porque não tinha merda pronta!! “.
Foi um situação inusitada, mas que refletia exatamente os desafios de defender as bandeiras do PT no país recém saído de mais de duas décadas de ditadura!
Na foto do card, o da ponta esquerda é o Odair, o da ponta direita, Bernardo. Dois companheiros que estavam juntos comigo e Cesário no dia do enterro de Chico Mendes.
A minha experiência no Norte do país a convivências com companheiro e companheiras tão leias a libertação nacional, foram decisivas na minha formação política. Em tempo, honro a memória do herói Chico Mendes que já era um homem do século XX, morto pela sede de poder de uma eleite que se acha proprietária exclusiva das nossas terras, rios, florestes e de tudo que possa aumentar suas vergonhosas fortunas. Mal sabem eles, que rico mesmo é Chico Mendes: eterno feito a Amazônia.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia,
Vice-líder do PT na Câmara
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