
A sétima arte como instrumento de transformação e memória
O cinema, ao beber da fonte das demais artes, reúne características únicas que ampliam seu alcance e potencial para transmitir mensagens transformadoras. O filme Ainda Estou Aqui, que muitos de vocês tiveram a oportunidade de assistir, é um exemplo poderoso disso. A obra denuncia de forma contundente como as ditaduras destroem famílias, desestruturam o tecido social e deixam marcas profundas que atravessam gerações.
Eleito o melhor filme estrangeiro pelo renomado Oscar, Ainda Estou Aqui reafirma a importância de eternizar os mártires da democracia e de cobrar punição para aqueles que cometeram crimes durante o regime militar. Além do brilhantismo de Fernanda Torres, do elenco, da direção e do roteiro, o filme é baseado no livro de Rubens Paiva, filho da vítima Rubens Paiva, e na corajosa história de Eunice Paiva. A obra nos convida a um encontro necessário com a memória, a justiça e a verdade.
A impunidade que persiste
É chocante constatar que, dos cinco militares réus pelo assassinato do ex-deputado Rubens Paiva em 1971, dois ainda estão vivos e recebem vultosos salários pagos pelo Estado. O major Jacy Ochsendorf e Souza, da reserva do Exército, recebe R$ 23,4 mil brutos por mês, enquanto o general reformado José Antônio Nogueira Belham recebe R$ 35,9 mil brutos. Somados aos benefícios de familiares de outros militares, esses pagamentos custam R$ 140,2 mil mensais aos cofres públicos.
Esses valores são um retrato da impunidade: homens que nunca foram responsabilizados por seus crimes continuam a ser sustentados pelo Estado, enquanto as vítimas e suas famílias lutam por justiça e reparação.
Um filme em defesa da democracia
Ainda Estou Aqui chegou aos cinemas do Brasil e do mundo em um momento crucial, em que a democracia enfrenta novas ameaças. No Brasil, vimos um ex-presidente, generais e outros aliados envolvidos em uma tentativa violenta de golpe de Estado. A impunidade que marcou o caso da família Paiva e tantas outras vítimas da ditadura não pode se repetir. É fundamental que os responsáveis por ataques à democracia, como Bolsonaro e seus apoiadores, sejam responsabilizados.
O maior prêmio de Ainda Estou Aqui é sua capacidade de colocar o Brasil frente a frente com sua própria história. A obra contribui para politizar a sociedade, destacando a importância de punir golpistas e garantir que os mártires da democracia recebam o respeito, o reconhecimento e a reparação que merecem.
Que o filme sirva como um alerta: SEM ANISTIA PARA GOLPISTAS!
Josias Gomes
Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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