
“O Brasil é mais democrático que os EUA” – Steven Levitsky
“Democracias não morrem mais com tanques nas ruas, mas sim por líderes eleitos que enfraquecem instituições por dentro.” Este conceito é defendido por Steven Levitsky, autor do livro “Como as Democracias Morrem” e professor de Harvard. Em entrevista à BBC Brasil, ele analisou os principais fatores que levam Donald Trump a atacar o Brasil.
Levitsky afirma que “o Brasil é mais democrático que os EUA”. Para embasar essa conclusão, o cientista político — especialista na América Latina — traça um paralelo entre os dois países, que elegeram presidentes de extrema direita dispostos a romper com a institucionalidade para se manter no poder: “Tanto os EUA quanto o Brasil elegeram figuras autoritárias da direita radical: os EUA em 2016 e o Brasil em 2018. Ambos tentaram reverter resultados eleitorais e, de maneiras distintas, orquestraram um golpe presidencial.”
Segundo o acadêmico, o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro respondeu de forma contundente à ofensiva antidemocrática bolsonarista: “O Brasil enfrentou uma situação extraordinária entre 2018 e 2022 no pós-eleição. Alguém precisava defender a democracia e fez sentido que o STF assumisse esse papel. No fim, foi positivo para a democracia.”
Ao contrário dos EUA — que permitiram a nova candidatura de Trump mesmo após seus ataques frontais à democracia —, no Brasil prevaleceu a força das instituições, que hoje responsabilizam golpistas perante a Justiça. Trump, porém, eleito pela segunda vez, encarna uma versão 2.0 de agressões a países soberanos, seja por políticas migratórias ou guerras comerciais. “É uma potência estrangeira tentando intimidar um governo democrático e, assim, minar o processo democrático”, analisa Levitsky.
Vale notar o perigo de eleger candidatos com perfil tirânico. Até Levitsky reconhece a dificuldade de decifrar os ataques de Trump ao Brasil: “É difícil entender o que motiva suas decisões. Nem sempre há lógica. Eduardo Bolsonaro não prevê suas ações. O próprio Trump talvez não saiba o que fará amanhã.”
Podemos levantar várias hipóteses sobre as razões por trás da política imperialista de Trump, mas nenhuma hipótese nos protegerá de sua tentativa de transformar o Brasil em quintal dos EUA. Podemos, contudo, controlar nossas ações — até agora irrepreensíveis: resistir a chantagens, defender a soberania nacional, fortalecer instituições, unir o país e desenvolver alternativas políticas, comerciais e diplomáticas para mitigar os impactos de um imperialismo decadente que quer arrastar o mundo para o mesmo precipício antidemocrático.
Como ensina o sábio Sun Tzu: ”Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.”
Josias Gomes Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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