
Lula na ONU: A Voz que Rompeu o Silêncio
Lula na ONU: A Voz que Rompeu o Silêncio
Trump é o Uldurico Paraguaçu dos EUA.
Foi com essa ironia na cabeça de muitos analistas que se assistiu ao contraste entre dois estilos, duas formas de estar no mundo e duas visões de futuro. De um lado, Donald Trump, com seus rompantes, frases de efeito para consumo interno e uma solidão diplomática que salta aos olhos. Do outro, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, que tomou a tribuna da Assembleia Geral da ONU e a transformou em palco de coragem, denúncia e esperança.
O grito contra o genocídio em Gaza
Lula não tergiversou. Não escolheu meias palavras. Olhando para chefes de Estado e delegações que muitas vezes se escondem atrás de notas oficiais mornas, ele disparou: “Nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em Gaza.”
A palavra proibida, que tantos evitam, saiu da boca de um presidente em pleno plenário da ONU. Falou da fome usada como arma, dos deslocamentos forçados, da cumplicidade de países que têm poder de parar a carnificina, mas preferem a neutralidade covarde. E foi nesse momento que os aplausos ecoaram pela primeira vez. Não um aplauso protocolar, mas um reconhecimento de que alguém ousou dizer o que precisava ser dito.
A denúncia contra os autocratas
Em seguida, Lula lançou seu dardo contra os autocratas — esses que vivem de manipular a desinformação, perseguir opositores, calar a imprensa e tentar deformar instituições para eternizar-se no poder. A crítica não foi genérica; foi um recado direto aos que transformam a política em trincheira contra a democracia. Lula mostrou que reconhece as ameaças globais, mas que também não esquece da experiência brasileira recente: um país à beira do abismo autoritário.
O Judiciário como exemplo mundial
Um dos momentos mais simbólicos foi quando Lula fez uma defesa veemente do Judiciário brasileiro. Lembrou ao mundo que, diante da tentativa de golpe de Estado perpetrada por Jair Bolsonaro, a Justiça brasileira garantiu amplo direito de defesa, conduziu o processo dentro da legalidade e preservou a democracia.
Lula elevou esse episódio à condição de lição universal: é possível derrotar a aventura autoritária sem abrir mão das regras, sem rasgar a Constituição, sem ceder ao ódio. O Brasil, que tantas vezes foi visto como país instável, agora era apresentado como exemplo.
Aplausos e comparação com Trump
O plenário confirmou a força da fala. Em pouco mais de vinte minutos, Lula foi aplaudido quatro vezes. Quatro. Trump, em mais de uma hora, recebeu um aplauso único e frio. A diferença não é apenas numérica: é simbólica. Mostra quem fala para o mundo e quem fala apenas para sua bolha. Lula foi ouvido; Trump, apenas tolerado.
Durante discurso, Donald Trump afirmou que merece o Prêmio Nobel da Paz “por causa das ações em busca da mediação de conflitos globais”. Sem comentários! Trata-se de um Uldurico mesmo, só falta inaugurar o cemitério.
O choque dos bolsonaristas
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, a tropa bolsonarista entrava em estado de choque. Não bastasse ver Lula aplaudido, tiveram que engolir uma cena impensável: Donald Trump, ídolo absoluto da extrema direita brasileira, elogiando Lula. Disse que teve com ele “excelente química”, que o considera “um homem muito agradável”. E mais: marcou um encontro.
Lula, a única liderança elogiada
Foi um fato inédito e simbólico: em seu discurso, Trump não elogiou nenhuma outra liderança mundial. Apenas Lula. A diplomacia virou-se de cabeça para baixo. A extrema direita brasileira, acostumada a fazer de Trump seu totem, viu o próprio totem render-se ao carisma do presidente do Brasil.
Democracia e soberania nacional
Ao final, Lula ergueu a voz em defesa daquilo que mais lhe move: democracia e soberania nacional. Rejeitou qualquer tentativa de sanção arbitrária contra países que ousam ser independentes, afirmou que a soberania brasileira não está à venda e declarou: “Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis.”
Era o fechamento perfeito de um discurso que mesclou denúncia e afirmação, dor e esperança, firmeza e abertura ao diálogo.
Um Brasil de volta ao centro do mundo
Na ONU, Lula não foi apenas o presidente de um país do Sul. Foi a voz de milhões que clamam por justiça, paz e democracia. Enquanto Trump encarnava o Uldurico Paraguaçu dos EUA, Lula se ergueu como estadista planetário.
O Brasil, tantas vezes colocado à margem, voltou a ocupar o centro da cena mundial — não como subalterno, mas como protagonista.
Josias Gomes Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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