
Maniçoba em disputa: Pará e Recôncavo baiano elegem Lula como juiz
O Brasil adora uma boa disputa — especialmente quando o prêmio é um prato de comida regional. Desta vez, o embate acontece entre o Pará e a Bahia, com um juiz de peso: o presidente Lula.
O veredito está marcado para o almoço do dia 9 de outubro, na Bahia, quando o petista decidirá, entre o paladar e a emoção, qual estado prepara a melhor maniçoba.
A maniçoba paraense: o sabor da floresta
No Pará, a maniçoba é quase um ato de fé. Prato de resistência e símbolo de identidade cultural, é presença obrigatória no Círio de Nazaré e herdeiro direto da tradição indígena.
Os povos originários da Amazônia já cozinhavam as folhas da maniva — a mandioca-brava — com peixes e caças, muito antes da chegada dos colonizadores. Com o tempo, o preparo ganhou influência portuguesa: refogados, carnes salgadas, toucinho, linguiças e outros embutidos. O resultado é uma espécie de feijoada verde, de alma ancestral.
O segredo? Dias de cozimento em fogo brando. As folhas precisam ser preparadas por pelo menos quatro dias para eliminar o ácido cianídrico, tornando-se seguras e saborosas. Como diz a historiadora Sidiana Macêdo, a maniçoba é “herança e conexão com nossa ancestralidade. Uma ancestralidade viva”.
O desafio baiano: do Recôncavo, com dendê e orgulho
Mas a Bahia não ficou quieta. Assim que Lula comentou, durante visita ao Pará, que duvidava da existência da iguaria fora do Norte, o ministro Rui Costa reagiu em alto e bom som:
“Na Bahia também se come maniçoba!”
Rui garantiu que o Recôncavo baiano, terra de sabores e sincretismos, tem sua versão do prato — e anunciou que a prefeita de Cachoeira já está de avental pronto para servir o presidente.
O governador do Pará, Helder Barbalho, respondeu na mesma moeda: prometeu enviar uma maniçoba original, direto de Belém, congelada com todo cuidado, para o paladar presidencial decidir.
Lula, o árbitro da brasilidade
Entre sorrisos e provocações, a brincadeira virou celebração da diversidade brasileira. O presidente aceitou o papel de juiz da maniçoba, e o país inteiro aguarda: qual versão conquistará o Planalto — a amazônica, densa e terrosa, ou a baiana, aromática e festiva?
Seja qual for o resultado, o grande vencedor será o Brasil profundo — esse país que cozinha sua história em fogo lento, com tempero de memória e muito humor.
Josias Gomes
Deputado Federal (PT/Bahia)
Vice-líder do PT na Câmara
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