Tia Ciata, matriarca cultural, ela fez do samba um lar
Tia Ciata, muitas vezes chamada carinhosamente de Tia Ciara nas tradições orais, foi uma das figuras centrais para que o samba ganhasse forma, força e destino no Brasil. Baiana, vinda de uma cultura marcada pelas festas de rua, pelas rezas e pelos ritmos de terreiro, ela transformou sua casa no Rio de Janeiro em um ponto de encontro decisivo para músicos, compositores, trabalhadores e artistas negros no início do século XX.
Em sua sala, onde se tocava o “respeitável” e em seu quintal onde a batida mais quente corria solta, nasceram rodas que misturaram lundu, maxixe, batuques africanos e modas urbanas, dando corpo ao que viria a ser o samba carioca. Foi ali que nomes como Donga, Pixinguinha, Hilário Jovino e João da Baiana encontraram espaço para criar, experimentar e registrar músicas que entrariam para a história.
Mais que anfitriã, Tia Ciata foi matriarca cultural: acolheu perseguidos pela polícia, protegeu músicos criminalizados por tocar “coisas de negro” e manteve viva uma rede de solidariedade e resistência. Sem ela, o samba talvez não tivesse sobrevivido às proibições, nem chegado à avenida com tanta força.
Sua maior contribuição? Ter sido, com firmeza e ternura, a mulher que guardou o fogo aceso — e fez do samba um lar.
Josias Gomes
Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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