Luta contra Bolsonaro e a pandemia precisa continuar!
A pandemia teve impactos devastadores no Brasil, sobretudo nas milhares de famílias que perderam seus entes amados. Os nossos ancestrais nordestinos que durante muito tempo lhes furtaram a educação formal, propagavam saberes pela oralidade. Era comum os nossos senhores e senhoras repetirem: “Não há mal que dure para sempre”.
Creio que em breve venceremos a pandemia. Mas teremos um cenário de pós-guerra. E se o mal hereditário que nos oprime diariamente não for superado, a sonhada liberdade pós-cornoravírus não ocorrerá. O verdadeiro vírus que mata o nosso povo vem sendo propagado desde sempre. Entre revoltas e letargias, a verdade é que o Brasil de hoje concentra todo mal que foi gestado nos últimos séculos.
A nossa luta contra Bolsonaro e a pandemia vai definir se queremos o Brasil do quase, da exceção, do por favor, das pequenas vitórias ou seguiremos o exemplo de outros povos que em períodos de grandes catástrofes decidiram partir as correntes e inventar a sua própria nação. A nova carta aos brasileiros deve ser dirigida apenas aos oprimidos do país. Num cálculo inexato, passamos de 200 milhões que estão exilados dentro do próprio país. A Casa Grande já provou que o único contrato social que eles aceitam é do tronco e a chibata.
Estamos em um país que com toda tragédia golpista é a oitava economia do mundo. Somos a sexta população do planeta. Temos o quinto maior território do globo repleto de biodiversidade, riquezas minerais e naturais. Somos um povo que quando tem oportunidade, nos destacamos entre os grandes do mundo. Qual a lógica desse país ter gente morrendo em filas de hospitais? Qual argumento plausível para termos 46 milhões de brasileiros desempregados ou em subempregos?
Um país com tanto potencial é inadmissível pessoas sem casa, milhões de famílias sem comida nas mesas. Falta investimento em ciência e tecnologia, sobram balas nas favelas e sangue inocente lavando nossas impurezas tropicais. Falta um pedaço de terra para as comunidades do campo, enquanto latifundiários incendeiam o país.
Os partidos populares e o povo precisam se organizarem e dizer BASTA! O dinheiro que falta aos microempresários que necessitam de crédito para prosperar e gerar empregos dignos estão concentrados em meia dúzia de um sistema financeiro pirata que pilha a riqueza da nação e aumentam seus feudos. Os bilionários do Brasil provaram que eles não querem saber da dor do povo. Para eles só importa nossa força de trabalho cada dia desvalorizada.
O novo Brasil tem que ser guiado por essa gente negra que furou o asfalto e não aceita mais ser assassinada pelo poder dominante. O novo Brasil tem que ter na linha de frente homens e mulheres que não aguentam mais serem explorados e reivindicam seus direitos históricos. O novo Brasil precisa ter os povos indígenas decidindo os seus próprios destinos. O novo Brasil deve ser dessa brava gente brasileira que prepara o bolo e sequer tem direito de sentir o cheiro das migalhas.
No país continental, nos dividiram em ilhas, nos condicionaram a alvos errados. O maior desafio dos dirigentes da classe trabalhadora é liderar junto a esse povo que está apartado em seus reinos de miséria. Temos que ter a capacidade de derrotarmos o verdadeiro inimigo que só muda a cor da roupa, mas o asco colonial é o de sempre.
Estamos todos revoltados, mas se essa revolta individual não virar ação coletiva estamos fadados ao fracasso. É necessário a maioria dos brasileiros ver que cada centro de poder dominante é dez vezes mais nocivo do que o covid-19. Sobrevivemos a isso de geração a geração, nos isolamos, tomamos medidas preventivas, mas a vacina definitiva ainda não veio. Aqui reside a verdadeira liberdade.
Vidas Acima do Lucro tem que nascer de dentro para fora e penetrar mentes e corações do Brasil. Nada é mais importante do que a vida. Não basta sobrevivermos, queremos vida plena e um país que lucre para servir aos seus mais 200 milhões de filhos e filhas que merecem ter acesso a tudo que um país da grandeza do Brasil é capaz de oferecer. A Casa Grande incendiou o que restava da senzala, não nos resta outra opção: derrotarmos os Bastardos Genocidas.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
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