Chacina do Jacarezinho: retrato do que acontece nas favelas do Rio!
A chacina do Jacarezinho é a fotografia ampliada do que acontece sistematicamente nos territórios de favela do Rio de Janeiro. O mesmo Estado que nega educação, saneamento, esporte, cultura, emprego e demais deveres básicos, sobe o morro pra matar indiscriminadamente sob o slogan fascista de “bandido bom é bandido morto”.
É estarrecedor notar que os mesmos que pregam violência letal contra negros e pobres não estão preocupados em saber quem é o dono da cocaína que atravessou o Atlântico no avião da FAB. Estão ainda menos preocupados com a impunidade dos milicianos que se alastraram como vírus marginal a ponto de ocupar poderes centrais na esfera política e levam o país à verdadeira guerra cotidiana provocada pela injustiça social e total derrubada de direitos. Adotam política econômica que é usina de produzir violência e miséria.
É chocante saber que parte da população brasileira defende o extermínio de varejistas das drogas – pior, ao custo do extermínio de inocentes -, mas não está nem um pouco preocupada com o genocida que carrega nas costas mais de 430 mil vidas e não toca num fio de cabelo dos milicianos. Se esse sistema perverso persiste, é porque rende redutos eleitorais, bolsões de poder econômico baseados na guerra contra os pobres.
Toda essa ideologia da morte é orquestrada por canais de TV que têm concessão pública e diariamente legitimam a barbárie contra o povo. Bolsonaro não ganhou apoio de 30% da população da noite para o dia. O miliciano chefe é produto da pior droga que não é enfrentada de maneira eficaz: a luta de classes. Enquanto a maioria da população estiver aprisionada às correntes do capital e os seus sórdidos interesses, viveremos essa guerra civil onde quem morre é negro, pobre e policiais, que são jogados na guerra para defender um modelo de sociedade a qual a maioria é vítima.
O Brasil necessita combater seus verdadeiros inimigos que operam no alto escalão do crime organizado e nunca pisaram no morro – aonde está a “inteligência” pra prender magnatas das drogas?
O maior agravante é que se não enfrentamos os verdadeiros carteis do sistema financeiro, latifúndios rural-urbano, indústria da bala e bilionários parasitas, fica insustentável consolidar um modelo de democracia que enfrente os reais problemas nacionais. Logo, o Estado, ao invés de servir a população, passa a ser o grande terrorista da maioria do povo. A verdadeira mudança no Brasil precisa acontecer na raiz do sistema! E nós não podemos adiar esse enfrentamento. É poder popular ou barbárie!
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
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