Democracia é obra que nunca finda!
O vídeo do fim do mundo – reunião ministerial (22/04) – é a caricatura de um governo caricato. Os patriotas, “homens/mulheres de bem”, tementes a Deus, honestos (sic), reafirmam o que são de verdade, sem o peso da opinião pública para condená-los. O concílio de megalômanos desvairados revela a face desnuda do que é o bolsonarismo. Derrotar essa treva requer democracia pulsante.
Diante dos fatos e mais um ano e cinco meses draconianos, não existe alternativa: quem apoia sob qualquer prerrogativa a Aliança do Mal, assina confissão de ser tudo que hipocritamente sempre negou. É tão corrupto quanto Bolsonaro, traidor igual ao Sérgio Moro, burro e déspota semelhante a Abraham Weintraub e falso(a) cristão(a) quanto a Damares. Em última análise, inimigo da democracia.
Esse texto não tem o objetivo de tornar ninguém petista, de esquerda. Mas cumpre o papel de alertar parte dos bolsonaristas enrustidos. Ele é endereçado principalmente aos que se acham moralmente e intelectualmente mais honestos e politizados. Pois bem, essa formula catastrófica ajudou a colocar Bolsonaro no poder.
A democracia tem gritado em nossa cara que você não precisa ser de centro, direita ou esquerda para se envolver politicamente. O que a democracia exige de cada brasileiro é responsabilidade pelo seu voto, o cumprimento de fiscalização do seu candidato, partido e participação ativa na política independente de ideologias.
Quando terceirizamos o nosso posto de cidadão atuante, abrimos espaço para que o há de pior na espécie humana ditar o nosso destino. Aliás, é dever de cada líder, sociedade cível e partido político comprometidos com a democracia desconstruir no imaginário coletivo de que “política não se discute”. Política está em tudo, inclusive na omissão.
A inércia política nos leva a ter ministros da Educação que defendem a prisão de membros da Suprema Corte – quando não está trabalha para destruir a ciência e educação.
O radicalismo de atribuir os erros políticos a um único partido alimentou gente como a falsa cristã Damares, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, que defende prender governadores e prefeitos que lutam para salvar vidas. Os exemplos negativos são inesgotáveis.
Por fim, fica a lição, mídia golpista. Não se pode jogar roleta russa com a democracia. As doses diárias de veneno contra a política, as narrativas mentirosas frente os fatos, a demonização do PT, os conteúdos medíocres, anti-educativos e alienantes são opostos aos pilares democráticos. Precisam fazer autocrítica, admitir que abriram a jaula para que o pandemônio usurpasse o poder e a democracia.
O Brasil inteiro clama por uma Frente Única partidária, cobra da classe política ação contra a escalada autoritária e destrutiva no país, justo. Porém, esse é o primeiro capítulo. Não criemos ilusões. Se não existir um pacto social capaz de sacudir toda sociedade, inserir todos os grupos sociais nessa luta por redemocratização, a democracia corre sério risco de ficar capenga e até ser extinta. É necessário criamos uma consciência política capaz de emancipar pessoas, transformá-las na veia arterial da democracia.
Dessa maneira, poderemos pautar uma mídia democrática, construirmos um Congresso, em sua maioria, com verdadeiros representantes do povo. Teremos força suficiente para exigirmos uma justiça que realmente seja para todos.
Democracia não é querer. Democracia é fazer. É obra que nunca finda!
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
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