
Em defesa de Jerônimo Rodrigues: um governador humanista sob ataque político desproporcional
A declaração feita pelo governador Jerônimo Rodrigues durante um evento público em João Dourado, na qual utilizou a expressão “levar para a vala” ao criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus eleitores, foi, sim, um excesso de linguagem. O próprio governador reconheceu isso com rapidez, pediu desculpas publicamente e reafirmou sua postura democrática e respeitosa. Mas o que se seguiu à sua fala revela algo muito maior — e mais perigoso — do que um deslize retórico: trata-se de uma tentativa de desqualificar uma liderança legítima, popular e profundamente comprometida com os valores humanistas e democráticos, por meio de um linchamento político-midiático desproporcional.
Jerônimo Rodrigues tem uma trajetória pública irretocável. Filho da roça, professor, homem de fé e diálogo, sempre esteve ao lado das causas mais justas. Jerônimo sempre foi um exemplo de homem público, enquanto secretário de Educação e de Desenvolvimento Rural, na sua jornada de professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, na militância da agricultura familiar e, sobretudo, como governador do Estado. A Bahia é testemunha: Jerônimo nunca foi protagonista de atitudes antidemocráticas ou autoritárias. Ao contrário, é um exemplo de gestor dialogal, atento às desigualdades sociais e comprometido com o respeito à diversidade política e ideológica.
A frase dita em João Dourado foi um arroubo de indignação diante das tragédias causadas pela negligência deliberada do governo Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19. Mais de 700 mil brasileiros perderam a vida. Muitos morreram sem ar, sem vacina, sem socorro. Muitos dos que hoje se dizem escandalizados com uma expressão metafórica do governador permaneceram em silêncio — ou zombaram — diante do sofrimento do povo. A indignação de Jerônimo, mesmo expressa de forma infeliz, veio de um sentimento legítimo de revolta com o descaso, com o deboche das vítimas, com a crueldade do negacionismo.
É preciso ter clareza: Jerônimo não ameaçou ninguém. Não há, em sua fala, uma convocação à violência real, nem uma orientação de ação política ou institucional. O uso da metáfora “vala” foi um erro verbal, corrigido pelo próprio governador no mesmo dia, sem tergiversar. Isso não é comum na política brasileira. Quantos líderes se retratam com humildade? Quantos reconhecem publicamente seus equívocos sem serem forçados pela Justiça?
O que se vê, no entanto, é a tentativa oportunista de transformar esse episódio isolado em argumento para um pedido de impeachment, como fez o deputado estadual bolsonarista Leandro de Jesus. Trata-se de uma manobra flagrantemente política, sem base jurídica sólida, movida pelo interesse de criar uma falsa equivalência moral entre quem sempre defendeu a democracia e quem atentou contra ela.
Quem acusa Jerônimo hoje por um erro de linguagem foi, em muitos casos, conivente com falas graves, reais e ameaçadoras do ex-presidente Bolsonaro e de seus aliados. Lembremos: Bolsonaro já falou em “fuzilar a petralhada”, em “meter bala”, em “fechar o STF”. Seu filho falou que bastava “um cabo e um soldado” para encerrar a Suprema Corte. Nenhum desses discursos — perigosamente literais — gerou o clamor ou a ação que agora se volta contra um governador que, num momento de emoção, exagerou na metáfora, mas manteve intacto seu compromisso com a democracia e com o povo.
A tentativa de transformar Jerônimo num “inimigo da democracia” é uma inversão dos fatos. Ele é, na verdade, um defensor convicto das liberdades públicas, do Estado Democrático de Direito e dos direitos humanos. Quem o conhece, quem o acompanha, quem vê sua conduta diária como governador sabe que essa caricatura criada por adversários não se sustenta.
Mais do que uma defesa a Jerônimo Rodrigues, este texto é um alerta: não podemos permitir que a hipocrisia e o oportunismo destruam reputações construídas com trabalho, humildade e coerência. A democracia brasileira não será fortalecida perseguindo quem erra e se retrata, mas exigindo coerência de todos. Se queremos um debate público mais respeitoso, ele deve valer para todos os lados.
Jerônimo já reconheceu o erro e pediu desculpas. Agora, cabe a nós reconhecer sua história e sua integridade.
Josias Gomes
Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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