
Lula em defesa da democracia
É um privilégio ser contemporâneo de Lula em uma das quadras históricas mais desafiadoras para a democracia no Brasil e no mundo. A fala do presidente nos mostra que a democracia não é um astro como o Sol que, mesmo diante de consequências climáticas, simplesmente ilumina a Terra. Ela precisa do empenho de cada líder, cidadão e país soberano para existir.
Os princípios democráticos obedecem a outra lei da natureza, podendo ser comparados a uma árvore que precisa ser regada diariamente. É necessário ter consciência de que o adubo da democracia é a política aliada à participação cidadã. O avanço da extrema direita está diretamente relacionado à negação da política, que corrói o tecido social e abre flancos para ataques diretos às instituições democráticas.
Lula reforça sua tese trazendo para o centro do debate a própria história de vida: a de um operário que gostava de futebol, mas evitava a política. Isso mudou quando decidiu participar de uma mobilização grevista em Brasília, durante a ditadura, e percebeu que o Congresso não tinha representantes do povo. Foi quando tomou a decisão de não apenas entrar para a luta sindical, mas também de criar um partido político que fosse a voz da classe trabalhadora.
Diferentemente do século XX, quando o imperialismo e a classe dominante colocaram tanques nas ruas, massacraram opositores e amordaçaram a imprensa, os golpes atuais são ainda mais perigosos. Isso porque são pensados e executados com um verniz democrático: negam a política, cooptam setores da imprensa e do Judiciário e perpetram ataques fulminantes contra setores progressistas. O Brasil foi uma das primeiras vítimas desse modelo, que derrubou Dilma Rousseff e desembocou no governo de extrema direita. Até os EUA e a União Europeia passaram a ser vítimas dessa forma de dominação global.
Portanto, o chamado do presidente Lula em defesa da democracia – direcionado aos principais chefes de Estado e setores democráticos para que exerçam a democracia em sua plenitude – é uma das intervenções geopolíticas mais importantes do nosso tempo. Isso porque não existe saída solitária para derrotar a extrema direita. Precisamos de cada cidadão, líder e nação para que a democracia triunfe e derrote o fascismo de uma vez por todas.
Josias Gomes
Deputado Federal (PT/Bahia)
Vice-líder do PT na Câmara
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