MAIO BAIANO, o ato que libertou a Bahia do Carlismo!
Há 23 anos, enfrentamos de peito aberto e movidos por ideais democráticos o autoritarismo de Antônio Carlos Magalhães, no ato que entrou para a história como o MAIO BAIANO! O episódio culminou com o fim da era Carlista na Bahia. Era a luta dos oprimidos contra o opressor ACM, então presidente do Senado, que detinha há décadas o poder do Estado em suas mãos. “Toinho Malvadeza” foi participante da ditadura sangrenta e reacionária responsável por atrasar o Brasil em pelo menos um século.
Mesmo no início do século XXI, na recém-redemocratização nacional, Antônio Carlos comandava a Bahia com mão de ferro e seguia o rito dos tempos de chumbo. Em 2001, o governador do Estado era César Borges, sob a batuta de ACM. O povo baiano, cansado de décadas de tirania e atraso, ascendeu à faísca da revolta diante do caso da violação do painel do Senado Federal, cometido por ACM. Este era o modus operandi do Carlismo para tentar se perpetuar no poder. O MAIO BAIANO reuniu estudantes, professores, lideranças partidárias, sindicais e o povo. Tudo foi magistralmente registrado pelo repórter fotográfico Wandaick Costa. Naquele histórico 16 de maio de 2001, eu era o Presidente do PT/BA e estava acompanhado pelas lideranças Zezéu, Rui e tantos outros companheiros e companheiras que ajudaram na libertação da Bahia.
Foi um dia daqueles de suor, sangue e batalha: eu tive que trazer um trio elétrico do extremo sul para acompanhar a manifestação, pois não encontrei nenhum que se disponibilizasse para nos acompanhar. Rui Costa e Zilton Rocha lembram-se da novela que foi para chegar no Campo Grande.
A cidade enfrentou um engarrafamento gigante porque a polícia queria impedir a chegada do trio. No Dique do Tororó, paramos o trio, causando o engarrafamento gigante. Fiquei em contato com o então deputado federal Valter Pinheiro e com a Casa Militar para encontrar uma saída, até que fomos autorizados a seguir, sendo escoltados por um carro do Sindiquímica em vez de uma viatura.
Sob o lema de “Cassação já!”, marchamos pelas ruas da libertária Salvador, desde a antiga Escola Técnica da Bahia, onde centenas de pessoas aderiram ao movimento contra o algoz do povo baiano. Existem duas formas de liderar: ser temido ou amado. ACM se vangloriava de ser temido pelos seus adversários. Mas na terra dos Malês, Marighella, Maria Felipa e tantos outros mártires, temer não é uma opção. Avançamos em direção à casa de ACM no bairro nobre da Graça, quando ACM colocou as tropas de choque para conter a manifestação pacífica do movimento. O que era para ser um ato democrático virou a reedição da ditadura militar sob as ordens do Coronel Antônio Carlos Magalhães e o então governador César Borges.
Estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foram violentamente agredidos por balas de borracha, golpes de cassetetes, bombas de efeito moral e gritos de ordens para desmobilizar o ato que exigia a cassação de ACM. O cume da barbaridade Carlista se deu na Faculdade de Direito da UFBA: professores, estudantes e manifestantes em geral foram atingidos por granadas, tamanha era a fúria dos Carlistas para tentar conter a coragem dos baianos e baianas em dar um basta na era medieval do Carlismo.
ACM agia como imperador da Bahia, imaginava-se invencível e ousava transformar a terra-mãe do Brasil na dinastia Magalhães. Mais ainda, nutria a convicção de que um dia os seus herdeiros também colocariam o país aos seus pés. O cálculo que ACM não fez foi que o MAIO BAIANO seria o início do seu calvário e derrota política em vida. Não há nada mais poderoso do que derrotar uma tirania com o tirano-chefe vivo! Dois anos depois, ACM testemunhou Luiz Inácio Lula da Silva subir a rampa do Palácio do Planalto; elegemos uma bancada de deputados federais combativos, da qual tenho a honra de ter feito parte. Era a vitória do povo e da democracia que se arrastava desde 1964, quando fomos covardemente golpeados pela Ditadura.
A partir da vitória de Lula, iniciamos a transformação da Bahia; o PT se fortaleceu no Estado. Em 2006, veio o renascimento baiano definitivo com a consagração da vitória de Jaques Wagner como governador da Bahia! Foi a maior derrota política do déspota ACM. Viramos símbolo de governos democráticos, participativos, com ações transformadoras em todas as áreas do Estado. Elegemos o filho da Liberdade, Rui Costa, e, como na Bahia sonho e drama se misturam, derrotamos o favoritaço Neto de ACM com o primeiro governador afro-indígena da história baiana, Jerônimo Rodrigues.
O MAIO BAIANO é um marco de luta do povo baiano e brasileiro. Seguimos mobilizados para que a Bahia seja o farol do Brasil: somos democracia, somos o povo no poder, somos os descendentes dos que lutaram por um país livre, soberano e justo! A luta continua até o triunfo definitivo. Viva a Terra da Liberdade.
Fotos: companheiro Wandaick Costa, o seu trabalho entrou para a posteridade.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia, Vice-Líder do PT na Câmara
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