“Minha vida é de superação” – Zé do Rádio
Prepare o seu coração para ler uma das trajetórias mais bonitas da política baiana. Sem nunca ter sido dono de rádio, muito menos radialista, tampouco ter qualquer familiaridade com a radiodifusão, este companheiro tem seu nome de guerra ou apelido, como se diz no Nordeste, fortemente ligado ao rádio. Ou seja: Zé do Rádio, batizado como José Francisco dos Santos Filho – duvido muito que mais de 10 pessoas saibam seu nome completo – é hoje o prefeito de sua querida Itiúba. Está na vida pública desde 1992, quando se candidatou a vereador e não obteve sucesso, já em 1996 foi eleito vereador e daí pra frente nunca mais perdeu eleição.
Zé do Rádio nunca teve vida fácil. Em 1997 com apenas 32 anos, ficou viúvo e com a responsabilidade de cuidar de quatro filhos pequenos, o que fez com todo amor e carinho de pai e de mãe ao mesmo tempo.
Mas afinal, de onde veio o apelido de Zé do Rádio? O caminho percorrido da passagem de Zé Paciência para Zé do Rádio – sim Zé Paciência, era assim como se chamava o atual prefeito antes do popular Zé do Rádio emergir como seu nome de guerra – teve início com a demissão dele da Ferbasa no ano de 1989, ano em que Lula quase chega lá.
Naquele tempo estava na moda a fita cassete, os mais velhos se lembram disso. As famosas fitinhas faziam um enorme sucesso nos anos 90. Tanto que quem tinha um carro comprava um toca fitas e colocava nele para dirigir o possante ao som da sua preferência. Era a época do roubo de toca-fitas: os malandros abriam os carros e roubavam o toca-fitas, mas deixavam o carro, imagine. Ô tempo difícil, hein?
A Basf dominava o mercado de fitas cassetes e estas faziam a festa da pirataria, reproduzindo as músicas de artistas famosos da época, Leandro e Leonardo, Violão de Ouro, Edson Gomes, cantor de Reggae baiano que, através de suas composições, sempre denunciou a desigualdade social, a violência urbana, a pobreza, entre outros temas.
Foi neste período que surgiu com força a rainha do Axé, Daniella Mercury, famosa em Salvador, a ponto de os fregueses perguntarem se não tinha a fita dela com o sucesso do momento, somente tempos depois, o furacão da música baiana ficaria conhecida em Itiúba e em todo Brasil.
Foi aí que Zé Paciência resolveu dar uma guinada em sua vida e entrou para o vantajoso mercado de vendas de fita cassete em Salvador. Roberto Som, irmão do atual vereador Caxunxa, fazia a reprodução das fitas – tempos de excelente parceria. E desta oportunidade comercial nasceu o famoso Zé do Rádio, que vendia as fitas gravadas por Roberto nos bairros populares de Salvador.
O padeiro de profissão, ainda hoje tem uma padaria em Itiúba, entrava para o mundo da música, vendendo suas fitas aos operários da construção civil, nos bares. E foi com essas vendas que o ilustre personagem desta prosa conseguiu comprar seu primeiro carro, um fusca, relíquia que ainda está na sua garagem, embora já não funcione. Tá na hora de recuperá-lo, meu amigo, ali é história viva.
Os fatos dessa vida de vendedor de fitas cassetes na capital estão bem vivos na memória deste grande companheiro. Foi através desta brilhante trajetória de luta que ele me explicou a origem do inconfundível nome de Zé do Rádio. O Zé Paciência virou Zé do Rádio justamente no tempo em que nosso prefeito andava pelas ruas de Salvador com seu potente rádio toca-fitas, divulgando seu produto e fazendo a alegria dos soteropolitanos.
Neste 11 de novembro, tenho a maior felicidade de parabenizar o meu amigo e prefeito Zé do Rádio, por completar mais um ano de vida bem vivida, cheia de aprendizados e realizações. O homem do povo que se tornou grande liderança política em sua terra natal. Realmente Zé, a sua vida é de superação!
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
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