A luta contra Bolsonaro é antes de tudo a luta pela vida!
A fome foi o tema mais importante dos estudos de Josué de Castro, médico pernambucano que traduziu através de linguagem simples, profunda e direta o tema da fome no nordeste e no mundo.
No livro Geografia da Fome, ele mostra o flagelo da fome e suas consequências para as gerações futuras. Chegou ao ponto de prever que no máximo em 30 anos, o Nordeste teria uma geração de nanicos, que ele preferiu chamar de homem gabiru, numa triste revelação de como o homem do campo pra fugir da fome, morava em Recife, ou seja, dividia espaço com o gabiru debaixo de pontes.
Quando Mino Carta era o editor da Veja, e já decorridos aproximadamente 30 anos do veredito, ele enviou uma equipe pra investigar se as previsões de Josué e Castro haviam se comprovado. O trabalho foi primoroso e concluiu que sim, havia a confirmação. Uma das cidades visitadas e que foi destaque na matéria foi Amaraji, cidade onde nasci. O casal de trabalhadores rurais entrevistados moravam no engenho Bondade, vejam só a ironia. A repercussão foi enorme na época.
Em Vidas Secas no romance de Graciliano Ramos, o autor mostra todo sofrimento que o polígono da seca impõe aos sertanejos abandonados pelo poder público. Desde então, muita luta foi travada para que o povo das regiões semiáridas se libertasse do escravismo que se perpetuara ao longo dos anos.
Durante tantos séculos de Brasil, só no governo petista de Lula o tema da fome foi tratado como política de estado e várias formas e programas foram criados pra erradicar o flagelo da fome.
O golpe gerou tanto estrago socioeconômico que fez do Brasil um mapa multiplicado dos ambientes retratados por Graciliano. Podemos ver a pobreza e a fome se multiplicarem em níveis pandêmicos em território nacional, sobretudo, nas regiões Norte/Nordeste e em áreas periféricas das metrópoles brasileiras.
A matéria do Fantástico aponta: “quase 117 milhões de brasileiros não se alimentam como deveriam, destes, 19 milhões não tem o que comer”. Este cenário de terra arrasada programada reforça a tese de que sofremos um genocídio. O abandono do desgoverno Bolsonaro às políticas de enfrentamento das mazelas sociais e sanitárias tem um alvo fixo: pessoas pobres e minorias. Contudo, dentro de um universo de 117 milhões de pessoas se alimentando precariamente, abre-se um público secundário que foram vítimas de desemprego, perda de renda e carestias de toda natureza. Portanto, a fome começa a atingir outras classes do andar de cima da pirâmide social.
A dor de não ter o que comer representa a debilitação física, mental e cidadã de um indivíduo. Quando a fome bate na boca do estomago é porque tudo mais já lhe foi retirado. O Brasil que um dia saiu do mapa da fome, tornou-se imenso deserto que retira dos seus cidadãos o direito de existir. A luta contra Bolsonaro, antes de tudo, é uma luta pela vida. É urgente retomarmos este país, nós queremos falar de conquistas, chega de política da morte!
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Se concorda, compartilhe!
Deixe um comentário