
A Estupidez como Perigo Social: Reflexões de Bonhoeffer, Cipolla e Adorno
Ivan Câmara, meu colega do Ginásio Agrícola de Escada, compartilhou um áudio que oferece uma análise pertinente sobre o pensamento crítico na sociedade contemporânea e como sua ausência pode nos levar à alienação.
Vale a pena ouvi-lo até o final: https://youtu.be/dbUBPM6WAKA
A discussão sobre a estupidez como uma ameaça coletiva se aprofunda com as ideias de três pensadores: Dietrich Bonhoeffer, Carlo Cipolla e Theodor Adorno. Cada um, em seu tempo e área de atuação, mostra que a estupidez vai além da falta de conhecimento, tornando-se uma força destrutiva que afeta a autonomia, a ética e a coesão social.
1. Dietrich Bonhoeffer: Estupidez e Autoritarismo
Bonhoeffer, um teólogo alemão executado pelos nazistas, via a estupidez como uma falha moral, não intelectual. Em sua obra Ética (1949), ele argumenta que a estupidez surge da falta de pensamento crítico, especialmente em regimes autoritários. Em tais contextos, as pessoas se tornam passivas e obedientes, permitindo atrocidades como o Holocausto. Bonhoeffer nos alerta sobre a indiferença diante de discursos de ódio e da erosão da empatia, que podem levar ao autoritarismo.
2. Carlo Cipolla: As Leis da Estupidez
O historiador Carlo Cipolla, em As Leis Fundamentais da Estupidez Humana (1976), apresenta uma análise do fenômeno da estupidez em cinco leis. Ele destaca que todos subestimam o número de estúpidos e que a estupidez é imprevisível, causando danos sem benefícios para quem a pratica. Hoje, isso se reflete em negacionismos e ações que prejudicam o bem comum, como a destruição ambiental.
3. Theodor Adorno: Estupidez e Cultura de Massa
Adorno, filósofo da Escola de Frankfurt, associa a estupidez à alienação promovida pela cultura de massa. Em Dialética do Esclarecimento (1947), ele critica como a indústria cultural transforma indivíduos em consumidores passivos. A estupidez resulta da incapacidade de resistir a narrativas dominantes, agravada por uma educação que prioriza a técnica em vez da reflexão crítica. Esse cenário se intensifica na era digital, com algoritmos que alimentam bolhas ideológicas e desinformação.
Síntese: A Ameaça da Estupidez
Os três pensadores concordam que a estupidez é uma recusa ativa de engajar-se com a realidade. Bonhoeffer relaciona-a ao autoritarismo; Cipolla, ao seu impacto sistêmico; Adorno, à alienação cultural. Eles explicam como sociedades permeadas pela estupidez se tornam vulneráveis a crises diversas.
Diante das polarizações e crises atuais, combater a estupidez requer educação emancipatória, defesa de instituições críticas e promoção do diálogo racional. Como Bonhoeffer disse: “Contra a estupidez, não temos defesa. Mas podemos não nos render a ela.” A lucidez coletiva é um ato de resistência.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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