
Deu ruim pro quanto pior, melhor
Acordaram cedo na Faria Lima. Café coado no moedor italiano, jornal dobrado na mesa de mármore, espremedor de laranja funcionando no automático — como os editoriais da grande mídia. Era terça-feira, dia de mais uma pesquisa. O pessoal do “quanto pior, melhor” já salivava. Imaginavam Lula derretendo nas pesquisas, o governo sangrando, Haddad pedindo pra sair e o Brasil finalmente voltando pro colo quente do rentismo feliz.
Mas… não foi bem isso.
A pesquisa AtlasIntel em parceria com a Bloomberg caiu como um chacoalhão de realidade: Lula subiu. De novo! Bateu 47,3% de aprovação — o maior patamar de 2025 — enquanto a desaprovação caiu. Os dedos tremiam para virar a página. O DataLula atacou novamente.
Na redação da Globo cogitaram chamar o Galvão Bueno pra narrar a decepção: “Haja coração, amigo! O homem subiu nas pesquisas, que fase!”. No camarote da Band um executivo murmurou: “Será que se a gente cortar pra imagem do Lula em preto e branco com música triste ainda dá tempo?”. Na Jovem Pan pensaram em colocar a culpa em Marx, em Darwin e na Lei Rouanet.
O “mercado” — esse bicho arisco que fica nervoso se o pobre come iogurte — reagiu como sempre: pânico seletivo, muito drama e um boletim de emergência com palavras como “incerteza”, “desalinhamento fiscal” e “a Argentina vem aí”.
O mais divertido, porém, veio quando a pesquisa entrou nos cenários eleitorais. Lula simplesmente passa o carro em Michelle Bolsonaro e Tarcísio no primeiro turno, como se fossem figurantes de novela da Record. E no segundo turno só não ganha de Jair Bolsonaro porque estão tecnicamente empatados — o que deixou metade da elite de moletom da Hering em estado de negação e a outra metade rezando para que a justiça eleitoral libere logo o “mito” da quarentena penal.
Resumo da ópera: não tem terceira via, nem quarta, nem rodovia. Só tem Lula e um bando de gente se fazendo de morta.
Enquanto isso, o Congresso Nacional atingiu o que parece ser um recorde histórico de rejeição: 90% da população quer distância. Os líderes da Casa seguem numa disputa pessoal para ver quem chega a zero primeiro. Hugo Motta tem 4% de aprovação e Davi Alcolumbre 3%. Do jeito que vão, daqui a pouco terão que apresentar RG na entrada do próprio gabinete.
E Haddad? Ah, o ministro também melhorou. Rejeição caiu, aprovação subiu. A imprensa que o dava como carta fora do baralho agora está procurando onde foi parar o baralho.
Pra fechar o baile, o dado mais incômodo para os arautos do caos: entre todas as instituições avaliadas, o governo federal é a que tem mais confiança da população — 52%. E isso tudo mesmo com manchete negativa todo dia, mesmo com o editorial histérico, mesmo com o dólar nervoso.
A conclusão é simples e dolorida para alguns: o povo entendeu sim a narrativa. Só escolheu não comprar. Preferiu ficar com a do Lula mesmo. E olha… tá difícil competir com ela.
Assinam o texto: Josias Gomes & Lucas Reis, chefe de gabinete de Jaques Wagner
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