
Paulo Jackson, 25 anos de saudade: a memória viva de um lutador do povo
Paulo Jackson, 25 anos de saudade: a memória viva de um lutador do povo
Por Josias Gomes
Deputado federal (PT-BA)
A lembrança feita por Adolpho Loyola à memória do nosso companheiro Paulo Jackson, neste mês que marca os 25 anos de sua partida, é mais do que justa: é necessária. Reacende em nós o exemplo de um homem público de coragem, combatividade e sensibilidade social. Paulo Jackson foi, como poucos, um defensor incansável da classe trabalhadora e das causas populares na Bahia. Sua trajetória, embora interrompida precocemente por um trágico acidente rodoviário, permanece como referência ética e política para todos nós.
Tive o privilégio de militar ao lado de Paulo Jackson. A convivência com ele não era apenas de afinidade partidária ou companheirismo nas lutas; era também de admiração por sua postura altiva e coerente. Paulo Jackson foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia quando começou a enfrentar de peito aberto o carlismo, que à época dominava com mão de ferro os espaços de poder no estado. Já naquela trincheira sindical, mostrava seu perfil: combativo, inteligente, estrategista e profundamente comprometido com os direitos dos trabalhadores.
Na Assembleia Legislativa da Bahia, sua atuação como deputado estadual foi marcada por coragem e coerência. Era a voz firme e respeitada da oposição. Como líder da bancada do PT, sabia construir pontes e, ao mesmo tempo, sustentar barricadas quando os direitos populares estavam em jogo. Não temia o confronto, mas também não desprezava o diálogo. Sua presença no plenário era uma garantia de que as pautas populares teriam quem as defendesse com altivez.
A tragédia que tirou a vida de Paulo Jackson, naquela viagem de Salvador rumo a Xique-Xique, interrompeu não apenas uma trajetória política brilhante, mas também um projeto de futuro. Lembro bem daquele momento, como se fosse hoje. Estávamos programados para viajar juntos rumo a uma plenária do PT em Gentio do Ouro, onde decidiríamos os rumos do partido na disputa municipal: candidatura própria ou apoio ao PSDB. A sessão na Assembleia se estendeu demais na terça-feira e PJ, como o chamávamos carinhosamente, adiou a viagem para a quarta à noite. Eu, por conta de um compromisso em Jussari — à época administrada pelo nosso partido —, não pude acompanhá-lo. Foi em Jussari, com o coração apertado, que recebi a notícia de sua morte. Voltei imediatamente para Salvador, tomado por uma dor que até hoje não cicatrizou por completo.
O enterro de Paulo Jackson foi uma comoção coletiva. A Bahia inteira se mobilizou para prestar homenagem a esse grande homem. Estiveram presentes, entre tantos companheiros e companheiras, o atual presidente Lula e o companheiro Aloizio Mercadante — símbolos de um campo político e afetivo que reconheceu em Paulo Jackson uma de suas vozes mais lúcidas.
Passados 25 anos, sua memória permanece viva entre nós. Cada luta travada em defesa do saneamento público, cada fala em favor da dignidade do trabalhador, cada gesto de coerência política é lembrado com respeito e saudade. Paulo Jackson não foi apenas um companheiro de militância: foi um farol para gerações inteiras que aprenderam com ele que a política só vale a pena quando está a serviço dos mais humildes.
Hoje, mais do que lamentar sua ausência, reafirmamos o compromisso com os valores que ele carregava no peito. Continuamos sua caminhada, sustentados pela certeza de que seu exemplo não morreu. Paulo Jackson vive em cada luta por justiça social, em cada trincheira onde a voz do povo é levantada.
Que sua memória siga sendo semente e não saudade apenas.
Paulo Jackson para sempre!
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