
Teodoro Sampaio: O engenheiro negro que virou nome de cidade
Um filho da Bahia que desafiou o seu tempo
Nascido em 1855, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, Teodoro Fernandes Sampaio cresceu em um Brasil ainda escravocrata, onde a cor da pele impunha barreiras quase intransponíveis. Filho de uma mulher negra liberta e de um padre, superou preconceitos e se tornou um dos primeiros engenheiros civis negros do país, formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
Sua trajetória, porém, foi muito além da engenharia. Teodoro se destacou como geógrafo, cartógrafo, arqueólogo, etnógrafo e até político, sendo eleito deputado federal pela Bahia. Atuou em grandes obras, como a Estrada de Ferro Central da Bahia e a Estrada de Ferro Santos–Jundiaí, e fez levantamentos fundamentais sobre o Vale do São Francisco, onde descreveu a hidrografia, o relevo e as potencialidades da região.
Atuação em São Paulo
Além de seu trabalho na Bahia, Teodoro Sampaio teve uma carreira relevante em São Paulo. Atuou na Comissão Geográfica e Geológica do estado, elaborando mapas detalhados e levantamentos topográficos e hidrográficos. Pesquisou a presença indígena no interior paulista, registrando influências culturais e históricas, e publicou artigos que integravam engenharia, geografia e etnografia. Seu trabalho científico e intelectual foi reconhecido pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, consolidando seu legado também fora da Bahia.
Em suas pesquisas, registrou também a presença indígena, especialmente na obra O Tupi na Geografia Nacional (1901), em que analisou a influência das línguas tupis na formação do território brasileiro. Faleceu em 1937, aos 82 anos, deixando um legado científico e intelectual que rompeu as barreiras do racismo de sua época.
A cidade que carrega seu nome
No coração da Bahia, a cidade de Teodoro Sampaio guarda viva a memória do filho ilustre. O município foi emancipado em 1961 e hoje tem pouco mais de 8 mil habitantes.
A economia local gira em torno da agricultura, sobretudo a mandioca e seus derivados e a pecuária.
Memória presente no cotidiano
Quem caminha pelas ruas de Teodoro Sampaio percebe como o nome do engenheiro está presente na vida da comunidade. Seu nome está presente nas ruas e praças, nas escolas municipal, lembrando diariamente às novas gerações a importância de um homem que se destacou pela ciência e pela política em tempos de exclusão social.
Entre o passado e o futuro
Mais do que uma homenagem, a cidade simboliza a força da memória e da resistência. Teodoro Sampaio não foi apenas um engenheiro brilhante, mas um marco da superação da desigualdade racial no Brasil.
Hoje, ao olhar para o pequeno município baiano, é possível ver como sua história ecoa: uma comunidade simples, agrícola, mas que se reconhece herdeira de um intelectual que fez do saber um instrumento de emancipação.
Josias Gomes
Deputado Federal (PT/BA)
Vice-líder do PT na Câmara
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