
Trump e a Ofensiva na Faixa de Gaza para Colonização: Uma Manobra Cínica de Roubo de Terras
O anúncio de Donald Trump sobre a Faixa de Gaza não é apenas uma aberração política — é um endosso descarado à limpeza étnica. A ideia de transformar Gaza em um território aberto à colonização estrangeira, promovendo a expulsão forçada dos palestinos que ali vivem, representa uma violação brutal dos direitos humanos e do direito internacional. Trata-se, na prática, de um projeto de roubo de terras institucionalizado, respaldado pelo discurso supremacista e imperialista que marcou seu governo e continua sendo a marca de sua influência política.
O que líderes históricos do sionismo, como David Ben-Gurion e Golda Meir, pensariam disso? Mesmo sendo figuras centrais na fundação de Israel, ambos tinham consciência de que a questão palestina não poderia ser simplesmente resolvida por meio de expulsões em massa e colonialismo brutal. Mesmo dentro da lógica do Estado de Israel, sabiam que a coexistência com os palestinos era um tema incontornável. O que Trump propõe agora não é apenas a negação do direito palestino à terra — é a aniquilação completa da existência palestina em Gaza.
A retórica trumpista sobre Gaza é uma continuação do seu desprezo sistemático pelo direito dos povos à autodeterminação. Durante sua presidência, ele já havia tomado medidas que romperam décadas de mediação internacional na região, como o reconhecimento unilateral de Jerusalém como capital de Israel e o endosso à anexação ilegal dos assentamentos na Cisjordânia. Agora, com seu discurso de “redistribuir Gaza” para novos colonos, ele avança ainda mais na normalização do deslocamento forçado e da opressão sistêmica contra os palestinos.
A limpeza étnica que Trump agora legitima abertamente não é um fenômeno novo, mas sua postura escancara uma aliança perversa entre o extremismo sionista e a extrema-direita ocidental. Para os palestinos, isso significa mais uma tragédia anunciada — mais mortes, mais deslocamento, mais destruição. Para a comunidade internacional, é um teste decisivo: se o mundo aceitar essa proposta sem resistência, estará selando a cumplicidade com um dos crimes mais graves do século XXI.
Trump não fala apenas por si. Sua agenda é a expressão de um projeto geopolítico mais amplo, que vê os palestinos como um obstáculo a ser eliminado. É a lógica colonial reeditada no século XXI, com novos protagonistas e métodos, mas o mesmo objetivo de sempre: apropriação violenta de territórios e negação da humanidade dos povos que ali vivem.
Mas, se esse absurdo for aceito, o que dizer da posição do presidente venezuelano Nicolás Maduro de anexar a região de Essequibo, hoje território da Guiana, à Venezuela? E se a Bolívia resolvesse levar de volta o Acre? E se o Brasil solicitasse de volta o Uruguai? O que o mundo diria se Trump resolvesse anexar Cuba?
A obsessão expansionista de Trump é tão descabida que fazendo um comparativo com a Bahia, é como se Caetité quisesse reaver o território de Lagoa Real, só pelo fato de um dia o município ter pertencido a Caetité.
Ironias à parte, o mundo amanheceu hoje estarrecido com mais uma afronta de Trump contra o povo palestino. Aliás, ontem também começou o encarceramento de deportados americanos para a base militar de Guantánamo — outra vergonha para o que se autodenomina a maior democracia do mundo.
Inclusive, estou de total acordo com o posicionamento do presidente Lula que condena a sanha expansionista e beligerante de Trump: “Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim, tomou posse, anunciou ocupar a Groenlândia, anexar o Canadá, anunciou mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, ocupar o canal do Panamá”, declarou o presidente. “Nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo todo tempo”. Concluiu o Lula.
A reação mundial aos absurdos praticados por Trump não pode se limitar às notas diplomáticas. Se a comunidade internacional se omitir mais uma vez, será cúmplice do desastre humanitário que está sendo construído diante de nossos olhos.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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