A PEC da Blindagem vai se materializando na prática
Há coisas que a gente vê e pensa: “eu sei que morro e não vejo tudo”. Porque, sinceramente, meus companheiros e companheiras, quanto mais eu rezo, mais assombração aparece nos corredores do Congresso Nacional.
Nessa terça-feira, assistimos a uma cena que nem o mais criativo dramaturgo nordestino ousaria imaginar. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi arrancado da Mesa Diretora à força pela Polícia Legislativa, cumprindo ordem direta do presidente da Câmara, Hugo Motta. Uma violência institucional que cheira mais a coronelismo do que a República.
E aí, como diria o Barão de Itararé, vem o conselho que continua atualíssimo:
“De onde menos se espera é que não vem nada mesmo.”
Porque esperar isonomia democrática da presidência de Hugo Motta é como esperar chuva em maio no semiárido: pode até ocorrer, mas ninguém devia contar com isso. Com a esquerda, ele manda a polícia. Com a extrema direita, ele manda flores.
Reduz pena de golpista, aumenta repressão a quem denuncia
Logo após a agressão contra Glauber, Hugo Motta pautou o PL da dosimetria, desenhado sob medida para beneficiar Bolsonaro e a turma do 8 de janeiro. É o Parlamento virando balcão de atendimento dos que conspiraram contra a democracia.
Aí entra outro ditado da nossa gente:
“Quando a esmola é demais, o santo desconfia.”
Nesse caso, nem precisa desconfiança — está tudo escancarado.
Hoje, a PEC da Blindagem contra golpistas e seus herdeiros políticos se concretiza na prática, voto a voto, pauta a pauta.
E a lembrança não falha: Flávio Bolsonaro já havia avisado que “tinha um preço” para desistir de sua candidatura à Presidência. Pois bem: a fatura chegou cedo — e está sendo paga com o caixa simbólico da Câmara dos Deputados.
Daí o povo chamar o Congresso de “inimigo do povo”
E não é figura de linguagem.
Hugo Motta usa a presidência da Câmara para blindar a extrema direita e perseguir quem enfrenta os golpistas. Como se não bastasse o autoritarismo no plenário, agora temos distorção até no campo digital:
• O Google limita a exibição da página do Instagram da Câmara.
• A Meta reduz drasticamente o alcance de páginas e perfis de esquerda.
Ou seja: no plenário, cala-se com truculência; nas redes, cala-se pelo algoritmo.
É a blindagem ampliada, institucional e tecnológica.
O Brasil não merece esse retrocesso
Hugo Motta parece acreditar que presidir a Câmara é ter procuração para reescrever a democracia conforme a conveniência dos seus aliados. Mas a cadeira que ele ocupa exige grandeza, equilíbrio e respeito ao país — virtudes que, aparentemente, estão em falta no estoque.
A história joga luz sobre tudo:
a agressão, a seletividade, a pauta pró-impunidade, o silêncio forçado, o cerco digital, a pressão contra a oposição.
E, como diz um velho ditado das minhas bandas:
“O sol nasce para todos, mas a sombra é sempre dos mesmos espertos.”
Na Câmara, essa sombra tem nome, endereço e projeto político.
Para concluir, recorro ao companheiro Lênin: “O que Fazer”?
Josias Gomes
Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
Se concorda, compartilhe!
Deixe um comentário