
O sábado 13 de Ilhéus: entre sol, política e ponte interditada
Sábado, 13 de setembro. O sol amanheceu sobre Ilhéus como quem chama para um banho de mar. A terra de Everaldo, de Carmelita, de Jorge Amado, parecia estar em festa: céu limpo, mar convidativo, coqueiros embalando a brisa.
Mas o dia reservava mais que beleza natural. O 13 havia sido escolhido para a posse da nova direção do PT municipal. Casa cheia, público diverso, lideranças, trabalhadores e estudantes, mas foi a juventude petista quem deu o tom: alegre, vibrante, cheia de cantoria e esperança. A cada fala, um coro de palmas; a cada proposta, uma explosão de entusiasmo. Política, em Ilhéus, naquele sábado, soava como verbo no presente.
Só que a vida em Ilhéus nunca se faz sem um “causo” para temperar a rotina. A prefeitura resolveu interditar a ponte Jorge Amado, invertendo seu uso para uma competição esportiva. O trânsito, então, ficou todo restrito à ponte velha, estreita e já cansada de guerra. Quem ousou sair do Pontal ou de outras partes da zona sul rumo ao centro, precisou de paciência: uma travessia de mais de uma hora, como se fosse teste de resistência para a cidadania.
Foi quase uma encenação irônica: bem no dia da posse da nova direção do PT, a prefeitura lembrava à cidade — e aos visitantes — que a ponte Jorge Amado foi construída por um governo petista, o de Rui Costa. Valeu a lembrança, prefeito, mas poderia ter sido feita de outra forma. Escolheu-se fazê-la no dia 13, junto com o encontro do PT, e a coincidência ganhou ares de recordação da obra que melhorou o trânsito e a vida do ilheense se tornou nas prazeirosa. Que a prefeitura não invente de relembrar que construiu os hospitais Costa do Cacau e Materno Infantil com uma excentricidade dessas. Rsss
Na chegada ao evento, a frase mais repetida era uma só: “Fulano já chegou?” E a resposta, invariável: “Está retido na ponte.” Até eu. Como diz o ditado popular: “desmantelo só presta grande”. E não é que, além da interdição, ainda teve um ônibus que quebrou bem no meio da ponte? A cena parecia saída de um romance de Jorge Amado, com seus imprevistos e cenas risíveis.
Mesmo com o atraso, o encontro aconteceu. Estavam presentes o presidente estadual do PT, Tácio Brito; a companheira e deputada Estadual Fátima Nunes; o companheiro David Bacelar, petroleiro e pré-candidato a deputado federal; a professora Adélia Pinheiro; o vereador petista Adilson José, a vereadora petista Enilda Mendonça, os companheiros Vitor e Iago Anunciação, filhos de Everaldo; o companheiro Marcelo Aguiar, vice-presidente estadual do PT, Dauro e Ricardo assessores do meu mandato, entre tantos outros. O ato foi dedicado à memória de Everaldo, referência para a militância local.
Eu, porém, não consegui participar dessa parte inicial. O motivo? A confusão do trânsito ilheense. Felizmente, Camile, nossa presidenta, cuidou de me informar os detalhes.
Assim foi o sábado 13 em Ilhéus: sol, mar, juventude, política, e um trânsito que virou metáfora da cidade — bela, vibrante, mas atravancada por escolhas que poderiam ser diferentes. No fim, restou a certeza de que a festa do PT se impôs sobre o caos, lembrando que, em Ilhéus, nem ponte interditada consegue segurar a esperança.
Uma frase, a guisa de conclusão. A energia que tomou conta da posse de Camille e demais membros da direção municipal do PT, deixou claro: quando a juventude se coloca à frente, o futuro parece sempre maior que a ponte interditada.
Josias Gomes Deputado Federal do PT/Bahia
Vice-líder do PT na Câmara
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